Oi meu povo!
Fim de domingo, semana prestes a começar e a gente torrando de calor aqui pelas bandas de Pernambuco. Tudo bem que isso aqui é uma terra "quentura", mas não precisa levar isso ao pé da letra e "torrar a gente viva". Vote! Nesse momento não corre uma brisa sequer para amenizar o calorão.
E vocês como estão?
Espero sinceramente que bem.
Mas se algum daqueles que estiverem lendo essas "mal traçadas linhas" não estiver tão bem assim ou passando por algum momento difícil, continue lendo porque é disso que vamos falar hoje: dos momentos de dificuldades.
Só um doido em sã consciência diria: eu adoro sofrimento ou momentos difíceis.
Vamos ser sinceros: por mais que a gente saiba que esses momentos são importantes e servem para o nosso crescimento, no fundo a gente torce para não passar por eles.
Acho até que muita gente se torna religiosa para ver se "Deus o livra do pecado e da dor" que pode ser em si mesmo ou naqueles que lhe são caros e próximos. Vira "beato" de centro, de igreja, de terreiro, oferta religiosamente o dízimo (até com 10% a mais como gorjeta pro Homem lá de cima), desde que ele faça com que a nossa vida seja "um mar de rosas", que voemos "em céu de brigadeiro" no jargão aeronáutico.
Mas, ai é inevitável. A dor chega e nas mais diversas formas.
Pode ser numa doença que acomete o nosso corpo.
Na perda de um emprego.
Na morte de um ente querido.
No adoecimento de alguém, amigo ou parente, que queremos bem.
E ai, aquele que antes se dizia devoto, fiel, crente, defensor ardoroso desse ou daquele credo ou dogma começa a se desesperar e a brigar com o Homem lá de cima:
"Como é que é isso, Deus? Eu pago meu dízimo certinho, todo mês. Eu frequento todo dia o centro espírita lá perto de casa. Eu faço campanha da caridade. Eu sou devota de Maria. Eu cuido da quermesse que traz dinheiro pra igreja todo ano. Eu dou passe e trabalho na mediúnica socorrendo os espíritos infelizes. Eu sigo a palavra, nem assisto mais televisão que é coisa do demônio e o Senhor não me livra do sofrimento? O Senhor deixou meu filho virar um viciado? O Senhor me deixou pegar essa doença? O Senhor deixou matarem meu filho, meu marido, meu pai?"
E ai começa a "peleja do diabo com o dono do céu", como diz a música.
O mais interessante é que essas indagações e revoltas, na grande maioria dos casos, são de pessoas ditas cristãs. Ora, se são cristãs é porque são seguidoras do Cristo. E se são seguidoras do Cristo elas também sabem que se tem uma coisa da qual o Mestre não fugiu e não deixou de ter foi dor. Ora, se ele que não tinha nem um pedaço de cutícula de carma para queimar passou pela danação que passou, porque é que nós, que ainda estamos cheios de mazelas, de erros, de orgulhos, vaidades e egoismo dentro do coração e fazemos besteira todo dia, não vamos ter que passar pelas nossas provações?!
O mais interessante também é que todo mundo adora cultuar a imagem de Jesus na cruz, ali pendurado, todo estropiado, coitado. Tem gente que até que tem uma daquelas que a imagem parece estar viva dentro de casa. Mas, na hora que quem tem que carregar a cruz é ele mesmo, ai é um tal de Deus nos acuda, e tome querer abrir de carreira para fugir dela. Parafraseando uma colocação feita por um amigo espiritual lá de onde trabalho: ninguém quer carregar o seu "cabide de problemas", mas sim, deixá-lo na igreja, no templo, no centro espírita ou de umbanda para que os outros o carreguem!!!
Me lembrei agora da passagem em que Jesus perguntou para a mulher que queria que os filhos fossem privilegiados entre os seguidores Dele, se os jovens tinham condições de "sorver o cálice que ele sorveria". Porque ele sabia que quem quisesse segui-lo teria que passar por momentos difíceis motivados pela necessidade de "drenar" todo o primarismo existente em si, toda a dureza de coração, para deixar brotar o homem mais cristão e humanizado. Mas, como sempre, a gente só quer se ater àquela parte da homilia quando o sacerdote diz: "que Jesus foi crucificado para retirar todos os nossos pecados e nos livrar da dor". Essa parte é boa e a gente gosta sempre de repetir, né?!
Pois é.
Sabe qual é o problema?
É que a gente ainda não entendeu Jesus não veio nos "tirar a dor", mas sim nos ensinar como passar por ela, como fazer para suportá-la. Com resignação, esperança, fé, as vezes até com alegria porque quando a dita cuja chega é sinal de que alguma coisa está sendo depurada em nós, mudada, modificada. Que tá na hora da gente dar um passo à frente, aprender algo, alterar algum rumo.
Na Doutrina Espírita, que faz parte da minha vida já há alguns anos, a gente aprende que a "dor é o momento do crescimento". E como todo crescimento, inevitavelmente, isso dói. Quando a gente está crescendo, na fase infantil, não sentimos dor nas articulações da perna por causa do "espichamento dos membros" (eu tinha muitassss dores quando era menina)? Pois é. A mesma coisa acontece quando o crescimento precisa ser em nível moral.
E antes que alguém diga que "espiritismo faz apologia da dor" porque diz que quem sofre é porque está se depurando, digo logo: nada a ver. Porque sofrimento que não gera transformação para melhor, mudança de atitudes, de rumos de vida, de formas de ser e de pensar, não fez nada. Quem sofre com raiva porque tá sofrendo, também não tá fazendo nada por si. Tá só perdendo energia e tempo.
Hoje em dia há uma palavrinha muito em voga para identificar as pessoas que sabem administrar as pressões da vida. Chama-se resiliência. Para quem não sabe o que ela significa ai vai o significado segundo a Wikipedia:
"Resiliência ou resilência é um conceito oriundo da física, que se refere à propriedade de que são dotados alguns materiais, de acumular energia quando exigidos ou submetidos a estresse sem ocorrer ruptura. Após a tensão cessar poderá ou não haver uma deformação residual causada pela histerese do material - como um elástico ou uma vara de salto em altura, que verga-se até um certo limite sem se quebrar e depois retorna à forma original dissipando a energia acumulada e lançando o atleta para o alto. (...)
(...) Atualmente resiliência é utilizado no mundo dos negócios para caracterizar pessoas que têm a capacidade de retornar ao seu equilibrio emocional após sofrer grandes pressões ou estresse, ou seja, são dotadas de habilidades que lhes permitem lidar com problemas sob pressão ou estresse mantendo o equilibrio".
Ou seja, no caso do nosso papo de hoje, ter resiliência é passar pelas adversidades sem deixar "se quebrar por elas". É passar pela dor e tirar dela o aprendizado fazendo como a vara de salto em altura que enverga até o chão, mas não se parte, ou seja, não se desespera, não se revolta, não perde a fé.
Quem tem resiliência não perde a alegria de viver, mesmo tendo alguns momentos tristes. Mantêm a fé e a confiança, a esperança de que "isso também passa".
Independente de qual seja o nosso credo o importante, para quem tiver tido a paciência de ler esse texto até o fim, é saber que "depois da tempestade sempre chega a bonança".
As grandes mudanças em nossas vidas podem acontecer depois desses momentos complicados se soubermos aproveitá-los, tirar deles os aprendizados, ou seja fazer a pergunta certa: o que esse momento de dor está querendo me ensinar, me dizer? O que tenho que aprender?
Sofrimento para ser útil tem que ter nossa participação ativa e consciente para superá-lo, ai sim, acontece o aprendizado que vai fazer a diferença na nossa vida daí pra frente.
Volto a dizer: dor não é um troço bom.
Eu mesma não gosto. Tenho um medo dela "que me pelo", como dizemos aqui no nordeste. Ela incomoda, envelhece e machuca, sim. E não é porque sei que somos espíritos eternos que não a temo. Dor nunca foi comigo, confesso.
Porém, já que é inevitável passar por ela, pelo nosso estado evolutivo atual, que pelo menos nossas orações ao Homem lá de cima sejam: "Senhor, se não posso me afastar do cálice, pelo menos me dê forças de sorvê-lo até o fim sem revolta e tirar dele o aprendizado que vai fazer meu espírito se transformar num ser humano melhor".
Esse ultimamente, tem sido o teor das minhas orações com o Homem lá de cima.
Desejo a vocês uma semana cheia de esperança, força, coragem e fé, muita fé.
Bjs, Alexandra Torres (Recife)
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