quinta-feira, 29 de agosto de 2013

BEZERRA DE MENEZES

Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos). Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

ImageProxyLivro: Doutrina e Aplicação. Lição nº 05. Página 35.

Conta-se que Bezerra de Menezes, o denotado apóstolo do Espiritismo no Brasil, após alguns anos de desencarnação, achava-se em praia deserta, meditando tristemente quanto à maioria dos petitórios que lhe eram endereçados do mundo.

Em grande número de reuniões consagradas à prece, solicitavam-lhe providências de natureza material. Numerosos admiradores e amigos rogavam-lhe empregos rendosos, negócios lucrativos, alojamentos, proteção a documentários diversos, propriedades e promoções.

Em verdade, sentia-se feliz, quando chamado a servir um doente ou quando trazido à consolação dos infortunados, porém, fora na Terra um médico espírita e um homem de bem, à distância de maiores experiências em atividades comerciais.

Por que motivo a convocação indébita de seu nome em processos inconfessáveis? Não era também ele um discípulo do Evangelho, interessado em ascender à maior comunhão com o Senhor? Não procurava aprender igualmente a lutar e renunciar?

Monologava, entre inquieto e abatido, quando viu junto dele o grande Antonio, desencarnado em Pádua, no ano de 1231. O herói admirável da Igreja Católica, nimbado de intensa luz, ouvira-lhe o solilóquio amargo.

Abraçou-o, com bondade, e convidou-o a segui-lo. A breves minutos, ei-los ambos no perfumado recinto de grande templo.

O santuário, dedicado ao popular taumaturgo, regurgitava de fiéis que se prosternavam, reverentes, diante da primorosa estátua que o representava, sustentando a imagem de Jesus Menino.

O santo impeliu Bezerra a escutar os requerimentos da assembléia e o seareiro espírita conseguiu anotar as mais estranhas e inoportunas requisições. Suplicava-se a Antonio casa e comida, dinheiro fácil e saliência política, matrimônio e proteção. Não faltava quem lhe implorasse contra outrem perseguição e vingança, hostilidade e desprezo, inclusive crimes ocultos.

O amigo e benfeitor esboçou um gesto expressivo e falou bem humorado, ao evangelizador brasileiro:

- Observaste atentamente? As petições são quase sempre as mesmas nos variados campos da fé.

Sequioso de burilamento íntimo, troquei na Igreja o hábito de cônego pelo burel dos frades... Ensinei a palavra do Mestre Divino, sufocando os espinhos de minhas próprias imperfeições. Fosse nas seduções da vida secular ou na austeridade do convento, caminhava mantendo pavorosas batalhas comigo mesmo, ansiando entesourar a virtude, em cujo encalço permaneço até hoje, entretanto, procuram-me através da oração, por meirinho comum ou por advogado casamenteiro...

E, por que Bezerra sorrisse, reconfortado, aduziu?

- Nosso problema, no entanto, é o de instruir sem desanimar. Jesus no monte sentiu extrema compaixão pela turba desvairada, alimentando-lhe o corpo e clareando-lhe a alma obscura...

Nesse justo momento, surge alguém à cata de Bezerra.

Num círculo de oração, organizado na Terra, pediam-lhe indicações para que fosse descoberto um enorme tesouro de aventureiros antigos, desde muito enterrado.

Antonio afagou-lhe os ombros e disse benevolente:

- Vai, meu amigo, e não desdenhes auxiliar. Decerto, não te preocuparás com o ouro escondido, mas ensinarás aos nossos irmãos o trato precioso do solo para a riqueza do pão de todos e, descerrando-lhes o filão do progresso, plantarás entre eles o entendimento e a bondade do Excelso Amigo.

Bezerra despediu-se, contente, e tornou corajoso à luta, compreendendo, por fim, que não bastaria lamentar a atitude dos companheiros invigilantes, mas auxiliá-los com todo amor, consciente de que o Cristo é o Mestre da Humanidade e de que o Evangelho, acima de tudo, é obra de educação.

 

1831

Nasce em 29 de agosto, no Riacho do Sangue, Estado do Ceará sendo seus pais: Antônio Bezerra de Menezes e Fabiana de Jesus Maria Bezerra.

1838

entra para a escola pública da Vila do Frade.

1842

continua seus estudos no Rio Grande do Norte, Serra do Martins, Vila da Maioridade.

1844

com 15 anos de idade, substitui algumas vêzes o professor nas aulas de latim.

1846

completa seus estudos preparatórios no Liceu de Fortaleza.

1851

embarca em 5 de fevereiro para a Côrte a fim de fazer o curso de Medicina.

1852

praticante e interno no Hospital da Santa Casa da Misericórdia.

1856

doutora-se em Medicina, obtendo em todos os anos do curso a nota "Optima cum Laude"!

1857

sócio efetivo da Academia Imperial de Medicina.

1858

cirurgião-tenente do corpo de saúde do Exército.

casa-se em 6 de novembro com D. Maria Cândida de Lacerda.

1859

redator dos Anais Brasilienses de Medicina até 1861.

1860

a insistência dos moradores da freguesia de São Cristóvão inclui seu nome na lista de candidatos à vereança

do Partido Liberal.

1861

empossado no cargo de vereador demite-se do cargo de Secretário interino do Corpo de Saúde do Exército.

1863

falece sua espôsa D. Maria Cândida de Lacerda em 24 de março, deixando-lhe dois filhos.

1864

reeleito para o cargo de Vereador para o período 1864/68.

1865

casa-se em 21 de janeiro com D. Cândida Augusta de Lacerda Machado com quem teve sete filhos.

1867

presidente interino da Câmara Municipal da Côrte.

deputado Geral pelo Distrito da Côrte.

1873

reeleito vereador para o Distrito da Côrte até 1881.

1875

inicia o estudo do Espiritismo.

1877

presidente interino da Câmara Municipal da Côrte.

1878

presidente efetivo da Câmara Municipal da Côrte até 1881,

novamente Deputado Geral pelo Distrito da Côrte até 1885.

inclusão de seu nome na lista Senatorial do Ceará.

1879

homenagem dos súditos portuguêses residentes na Côrte ofertando-lhe seu retrato a óleo em tamanho natural pelo pintor Augusto Rodrigues Duarte.

1885

encerra suas atividades políticas no pôsto de Presidente da Câmara Municipal e deputado Geral Pelo Distrito da Côrte.

1886

em 16 de agôsto proclama, pùblicamente, sua adesão ao Espiritismo.

1887

inicia sob o pseudônimo de MAX uma série de artigos doutrinários espíritas em "O Paiz", jornal dirigido por Quintino Bocayuva e no "Reformador", órgão da Federação Espírita Brasileira.

1889

presidente da Federação Espírita Brasileira e do Centro Espírita do Brasil.

1890

Vice-Presidente da Federação Espíria Brasileira.

Representação em defesa do Espiritismo ao Marechal Deodoro da Fonseca

1891

Vice-Presidente da Federação Espírita Brasileira.

Traduz o livro "Obras Póstumas" de Allan Kardec, editado em 1892.

1893

Representação em defesa do Espiritismo ao Congresso Nacional.

1894

Diretor efetivo do Centro da União Espírita de propaganda no Brasil.

1895

Presidente da Federação Espírita Brasileira.

reeleito Presidente até sua desencarnação ocorrida em:

1900

dia 11 de abril às 11 horas e 30 minutos no Rio de Janeiro.

ADOLFO BEZERRA DE MENEZES

Foi membro:

Academia Nacional de Medicina e honorário da secção Cirúrgica.

Instituto Farmacêutico
- Sociedade de Geografia de Lisboa.
- Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional.
- Sociedade Físico-Química.
- Sociedade Propagadora das Belas Artes.
- Sociedade Beneficência Cearense, (Presidente).
- do Conselho do Liceu de Artes e Ofícios.
- Companhia Carris Urbanos de São Cristóvão, (Presidente).
- Companhia Estrada de Ferro Macaé a Campos, (Fundador).
- Companhia Arquitetônica, (Diretor).

Artigos e Obras publicadas:

- Diagnósticos do Câncer.
- Algumas considerações sôbre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento.
- Das operações reclamadas pelo estreitamento da uretra.
- Biografia do Visconde do Uruguai, Paulino José Soares de Souza.
- Biografia do Visconde Caravelas, Manoel Alves Branco.
- A Escravidão no Brasil, e medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação.
- Breves considerações sôbre as sêcas do Norte.
- Os Carneiros de Panúrgio.
- A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica ou Uma Carta de Bezerra de Menezes.
- A Loucura sob Nôvo Prisma.
- Espiritismo, (Estudos Filosóficos).
- Os Mortos que Vivem.
- Segredos da Natura.
- A Pérola Negra.
- Evangelho do Futuro.
- Lázaro, o Leproso.
- História de um Sonho.
- O Bandido.
- A Casa Assombrada.
- Viagem através dos Séculos.
- Casamento e mortalha, (incompleto).
- Redigiu a "A Sentinela da Liberdade" no período de 1869/70.
- Artigos doutrinários espíritas no jornal "O Paiz" no período de 1877 a 1894.
- Redator-chefe do "Reformador", órgão da Federação ESpírita Brasileira.

domingo, 11 de agosto de 2013

Mensagem para o "Dia dos Pais"'

pai-e-filhoDeus, em sua infinita sabedoria, justiça e bondade, na trajetória evolutiva dos seus filhos amados, convoca-os a missões sublimes nas cercanias terrenas. E dentre as quais, uma é demasiada passível de louvor: a paternidade.

Feliz daquele Espírito que, abençoado com a condição de pai, fortifica-se na fé e na bonomia para bem cumprir essa tarefa tão árdua quanto tem sido em nosso cotidiano, provendo seus filhinhos -- que lhe são concedidos por empréstimo do Criador -- com o pão material e o ensinamento moral. Grandes serão as suas recompensas, com a graça do Poderoso.

Assim o constatamos conforme o testemunho da Codificação Espírita:

A paternidade pode ser considerada como missão?

“Sem dúvidas que é uma verdadeira missão. É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que envolve, mais do que o homem pensa, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização fraca e delicada, que o torna propício a todas as impressões. No entanto, há muitos que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a falir por culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada do bem.”

Os pais são responsáveis pelo transviamento de um filho que envereda pelo caminho do mal, apesar dos cuidados que lhe dispensaram?

“Não; porém, quanto piores forem as disposições do filho, tanto mais pesada é a tarefa e tanto maior o mérito dos pais, se conseguirem desviá-lo do mau caminho.”

(O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec - questões 582 e 583)

A todos, um excelente domingo comemorativo ao "Dia dos Pais".

E ao nosso Pai Celestial, todo o nosso amor.

Colaboração: Equipe Luz Espírita

 

Que Deus não permita que eu perca o ROMANTISMO,
mesmo sabendo que as rosas não falam...
Que eu não perca o OTIMISMO, mesmo sabendo que o a-historia-do-dia-dos-pais-origem-como-surgiufuturo que nos espera pode não ser tão alegre...
Que eu não perca a VONTADE DE VIVER, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa...
Que eu não perca a vontade de TER GRANDES AMIGOS, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas...
Que eu não perca a vontade de AJUDAR AS PESSOAS,
Mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, reconhecer e retribuir, esta ajuda...
Que eu não perca o EQUILÍBRIO, mesmo sabendo
que inúmeras forças querem que eu caia...
Que eu não perca A VONTADE DE AMAR, mesmo sabendo que a pessoa que eu mais amo pode não sentir o mesmo sentimento por mim...
Que eu não perca a LUZ E O BRILHO NO OLHAR, mesmo sabendo que muitas coisasdia-dos-pais-1 que verei no mundo escurecerão os meus olhos...
Que eu não perca a GARRA, mesmo sabendo que a derrota e a perda
São dois adversários extremamente perigosos...
Que eu não perca a RAZÃO, mesmo sabendo que as tentações da vida são inúmeras e deliciosas...
Que eu não perca o sentimento de JUSTIÇA, mesmo
sabendo que o prejudicado possa ser eu...
Que eu não perca o meu FORTE ABRAÇO, mesmo sabendo
que um dia os meus braços estarão fracos...
Que eu não perca a BELEZA E A ALEGRIA DE VIVER, mesmo sabendo que muitas lágrimas brotarão dos meus olhos e escorrerão por minha alma...
Que eu não perca o AMOR POR MINHA FAMÍLIA, mesmo sabendo que ela muitas vezes me exigiria esforços incríveis para manter a sua harmonia...
Que eu não perca a vontade de DOAR ESTE ENORME AMOR que existe em meu coração, mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetido e até rejeitado...
Que eu não perca a vontade de SER GRANDE, mesmo
sabendo que o mundo é pequeno...
E acima de tudo...
Que eu jamais me esqueça que Deus me ama infinitamente!
Que um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um é capaz de mudar e transformar qualquer coisa, pois,,,
A VIDA É CONSTRUÍDA NOS SONHOS E CONCRETIZADA NO AMOR!

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Mediunidade Perturbada

 

É fácil culpar o Espírito obsessor pela mediunidade conturbada, mas quem o atrai e lhe fornece sintonia é o encarnado, ou seja, o médium.mediunidade

  Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam. Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm grupar os Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos (…) Os defeitos que afastam os bons Espíritos são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria.” - Allan Kardec. (O Livro dos Médiuns, cap. 20, item 227.)
Este texto trata do mau uso da mediunidade, destacando como um processo obsessivo promove dificuldades na vida e na prática mediúnica. Nosso objetivo é entender a responsabilidade de ser médium e como tão sutil é a influência perniciosa de Espíritos inferiores, podendo provocar, conforme nossa conduta, o processo obsessivo.


Responsabilidade de ser médium


Iniciamos trazendo a questão da responsabilidade de ser médium, e para isso nada melhor do que a palavra do Espírito Tobias, conforme narrativa do Espírito André Luiz no capítulo 3 do livro “Os Mensageiros”, quando esse abnegado trabalhador espiritual explica a função do Centro de Mensageiros do Ministério da Comunicação, na colônia espiritual Nosso Lar:
“Preparam-se aqui numerosos companheiros para difusão de esperanças e consolos, instruções e avisos, nos diversos setores da evolução planetária (…) Organizamos turmas compactas de aprendizes para a reencarnação. Médiuns e doutrinadores saem daqui às centenas, anualmente (…) Saem milhares de mensageiros aptos para o serviço, mas são muito raros os que triunfam. Alguns conseguem execução parcial da tarefa, outros muitos fracassam de todo. (…) Esmagadora percentagem permanece a distância do fogo forte. Trabalhadores sem conta recuam quando a tarefa abre oportunidades mais valiosas”.
Como vemos, existe no mundo espiritual a preparação daqueles que exercerão a mediunidade, e isso é levado tão a sério que André Luiz compara o Centro de Mensageiros a uma instituição congregando algumas universidades reunidas. E não por outro motivo, Allan Kardec dedicou uma obra inteira da codificação espírita para tratar do assunto, qual seja “O Livro dos Médiuns”.
Ressalte-se da explicação de Tobias que o médium deve ser promotor de esperanças e consolos, instruções e avisos, como um servidor fiel para o progresso da humanidade. Para isso, deve sintonizar com o bem, realizando todos os esforços para se colocar humildemente a serviço de Jesus, o governador planetário, procurando combater em si mesmo, de forma incessante, todos os vícios que possam levá-lo a afinizar-se com Espíritos imperfeitos. Nunca é demais, como insiste Allan Kardec nas obras que compõem a codificação espírita, chamar a atenção do médium quanto à sua responsabilidade e necessidade de autoeducação.
A fala do Espírito Tobias casa-se perfeitamente com a explicação de Kardec que abre nosso texto, ou seja, se existem muitos fracassos no campo mediúnico, estes se devem exclusivamente ao médium que, por falta de estudo e esforço no seu aprimoramento, atrai para si, pelas leis da simpatia e da afinidade, Espíritos imperfeitos que o desviarão da tarefa.
Exercer a mediunidade não é complicado, pois ela é uma faculdade natural do homem, do Espírito encarnado, mas exige algumas reflexões, como a realizada por José Herculano Pires em seu livro “Mediunidade”:
“No ato mediúnico tanto se manifesta o Espírito do médium como um Espírito ao qual ele atende e serve. Os problemas mediúnicos consistem, portanto, simplesmente na disciplinação das relações espírito-corpo. É o que chamamos de educação mediúnica. Na proporção em que o médium aprende, como Espírito, a controlar a sua liberdade e a selecionar as suas relações espirituais, sua mediunidade se aprimora e se torna segura. Assim, o bom médium é aquele que mantém o seu equilíbrio psicofísico e procede na vida de maneira a criar para si mesmo um ambiente espiritual de moralidade, amor e respeito pelo próximo”.
A educação mediúnica, que deve ser entendida como educação do médium, deve ser constante, pois médium que se considera preparado e deixa o tempo passar, colocando-se afastado do estudo doutrinário, corre sérios riscos, pois acaba entrando numa zona de conforto onde vícios, trejeitos e falta de bom senso diante das manifestações espirituais de que é instrumento, se instalam de forma sutil, dando campo à instalação e evolução do processo obsessivo que, como se sabe, conforme classificação de Kardec, passa pela obsessão simples, chega à fascinação e pode terminar na subjugação, todas essas modalidades em variados graus.

Influência sutil dos Espíritos inferiores


Mediunidade conturbada, ou seja, sem disciplina, sem discernimento, sem educação, é campo preparado para receber a influência sutil de Espíritos inferiores, que ocorre na medida em que o Espírito, após sintonizar com o médium, vai paulatinamente dominando sua mente, levando o médium a um estado de espírito negativo, que podemos identificar quando o médium começa a ter tendência para o derrotismo, o desânimo, perdurando esse estado durante horas ou dias.
Deve o médium perceber, no seu dia-a-dia, estados de espírito como dificuldade de concentrar ideias otimistas; ausência de concentração em leituras edificantes; dificuldade em orar; tristeza sem razão; indisposição inexplicável, principalmente quando em dia de atividade mediúnica ou de estudo; aborrecimento com conversações edificantes; pessimismo; exageros de sensibilidade; depressão; colocar-se quase sempre como vítima; teimosia em não aceitar conselhos e críticas construtivas, entre outros sintomas semelhantes que podem indicar uma influência negativa sutil.


As quatro fragilidades humanas


O Espírito Manoel Philomeno de Miranda, no livro “Trilhas da Libertação”, psicografado pelo médium Divaldo Pereira Franco, apresenta no capítulo “Os Gênios das Trevas” o que os Espíritos obsessores consideram como as “quatro legítimas verdades” humanas que facilitam o processo obsessivo:
1)     Sexo – pois o homem facilmente se compraz no prazer.
2)     Narcisismo – por ser filho predileto do egoísmo, e pai do orgulho e da vaidade.
3)     Poder – quando o homem revela seus instintos e se deixa levar pelos interesses materiais.
4)     Dinheiro – pois ele compra vidas e escraviza almas.
Todo médium deve ter redobrados cuidados com essas quatro áreas, não devendo alegar que uma coisa é ser médium, quando procura obedecer certa disciplina, e que outra coisa é ter sua vida privada, quando essa disciplina mental e moral não precisaria prevalecer. Esse é o grande engano do qual os Espíritos inferiores procuram tirar proveito e, em muitos casos, conseguem com êxito, desviando o médium de suas sagradas funções, tornando-o joguete do processo obsessivo.


Advertência necessária


Elucida o instrutor espiritual Alexandre, no capítulo 3 do livro “Missionários da Luz”, ditado pelo Espírito André Luiz através do médium Chico Xavier:
“É imprescindível santificar a faculdade mediúnica, convertendo-a no ministério ativo do bem. A maioria dos candidatos ao desenvolvimento dessa natureza, contudo, não se dispõe aos serviços preliminares de limpeza do vaso receptivo. Dividem, inexoravelmente, a matéria e o Espírito, localizando-os em campos opostos, quando nós, estudantes da verdade, ainda não conseguimos identificar rigorosamente as fronteiras entre uma e outro, integrados na certeza de que toda a organização universal se baseia em vibrações puras. Inegavelmente, (…) os excessos representam desperdícios lamentáveis de força, os quais retêm a alma nos círculos inferiores. Ora, para os que se trancafiam nos cárceres de sombra, não é fácil desenvolver percepções avançadas. Não se pode cogitar de mediunidade construtiva, sem o equilíbrio construtivo dos aprendizes, na sublime ciência do bem-viver”.
Problemas no exercício da mediunidade? Desequilíbrio na vida pessoal? A culpa não é da mediunidade, pois que ela é faculdade natural. A culpa é do próprio médium, pois na maioria das vezes o encontramos arredio ao estudo, à reforma íntima, à sintonia com o bem. Acomodado, e separando o que é do Espírito do que é da matéria, quando na verdade somos todos seres integrais, passa facilmente ao campo da fascinação, quando os Espíritos inferiores tudo fazem passar através dele e, influenciando magneticamente, acabam levando-o, com sua mediunidade conturbada, a vícios lamentáveis do corpo e da alma.


Para pensar


Será possível obter bons resultados sem educação mediúnica?
Poderá um médium que sofre influência de Espíritos inferiores ser um bom instrumento? Como o médium pode ser um tarefeiro de Jesus para regeneração da humanidade, sem o devido esforço em ser um homem de bem?
Se o Espiritismo é doutrina que tem a missão de realizar a transformação moral da humanidade, como o médium espírita pode viver sem realizar o seu aprimoramento espiritual?
Finalizando, solicitamos a todos os médiuns profunda reflexão sobre o texto de Allan Kardec que inicia nosso estudo, especialmente o seguinte trecho:
“A alma (Espírito encarnado) exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles”.
Ou seja: fácil é culpar o Espírito obsessor pela mediunidade conturbada, mas quem o atrai e lhe fornece sintonia é o encarnado, portanto, o médium.
Pensemos nisso.


Marcus De Mario

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Francisco de Roma e do Brasil, entre os muitos Franciscos

bannerchicojeeIndiscutivelmente, a figura do cardeal maior da Igreja de Roma é um personagem importante para a história do planeta. Seja ele quem for, atrai atenções e comentários, das pessoas, religiosas ou não, e da mídia. É um homem, portanto, que exorbita o interesse de católicos, tão somente.

Não vou me demorar enquadrando a presença da filosofia católica sobre a Terra, desde que Constantino o reconheceu como “religião oficial do Estado Romano”. Tampouco irei tecer comentários sobre as ações da cúria, sejam elas positivas ou negativas, nem tratarei de aspectos correlacionados à liturgia e aos dogmas da crença oficial cristã. Penso que os fatos do passado pertencem ao cenário e ao tempo em que ocorreram, em face da realidade espiritual de seus protagonistas e dos demais habitantes dos lugares em que ocorreram, localmente ou em aspecto mais amplo, em termos planetários.

Vou me debruçar sobre a imagem, as palavras e a postura do atual Chefe da Igreja Católica, o cardeal argentino Bergoglio, papa Francisco. E as impressões serão de um espírita que acredita no Humanismo, na Pluralidade, no Livre Pensar e na perspectiva de modificação do ambiente planetário a partir da presença e da atuação das pessoas.

Francisco promove um verdadeiro choque de gestão na vetusta religião e implementa, aos poucos, uma postura bastante diferente dos seus antecessores. Se focarmos a comparação com João Paulo II (o polonês Wojtyla), poderemos vislumbrar algumas pequenas semelhanças, sobretudo no seu pontificado até o fatídico atentado que ele sofreu, em Roma, desencadeando a debilitação de suas forças físicas até a morte. João de Deus também era bem próximo das pessoas, do povo e os aparatos de segurança papal foram intensificados a partir daquela tarde na Itália. Francisco como João são dotados de notável e notório carisma. Em relação ao polonês, este carisma ainda prevalece vivo e presente, ampliado a partir da perspectiva de sua canonização e santidade.

Embora seja cedo para aquilatar qual será a importância integral da presença deste latino-americano como sumo pontífice (e dos efeitos que produz e produzirá por, cremos, bastante tempo, em face de sua idade e disposição), a Igreja tem um dinâmico personagem capaz de promover mudanças, não propriamente no plano externo como fez João Paulo em relação à política internacional, economia e relações internacionais entre povos e Estados, mas no âmbito interno, da organização, funcionamento e prioridades da Igreja Católica. Se Wojtyla foi um legítimo estadista (ainda que se possa contestar, aqui ou ali, várias das metodologias e das atitudes que ele possa ter utilizado em sua caminhada) produzindo reflexos e reflexões importantes para um mundo em “fase de abertura”, Bergoglio pretende ocupar a posição de legítimo pastor de um rebanho (até então bastante confuso e perplexo em relação à real condição humana dos líderes religiosos, ao contrário da aparente santidade cultuada e imaginada pelos fiéis). Estamos diante, agora, de um homem sentado no trono maior de uma nação religiosa (ainda que, notoriamente, em diminuição percentual de adeptos por todo o mundo, em face da expansão dos cultos neopentecostais e da abertura para as filosofias reencarnacionistas do ocidente e do oriente).

Este homem fala diferente. Seus discursos possuem novas configurações voltadas para a inclusão e a abertura em relação às “ovelhas desgarradas”, excluídas pelas falas anteriores ou expulsas em face das prescrições religiosas em relação ao “dever ser”, sem comportar perdões ou regenerações dos “pecadores”. A Igreja vinha praticando, cultural e historicamente, o oposto, portanto, daquilo que seu maior inspirador, Jesus de Nazaré, havia prelecionado e exemplificado: o acolhimento dos pecadores a partir do reconhecimento da condição humana, errante dos filhos de Deus, em trajetória sempre ascendente. Francisco acolhe, aproxima, abraça, numa nítida intenção de permitir que os filhos pródigos (em todos os sentidos, não somente o material) possam comungar no seio da comunidade cristã e recebem o reconhecimento de serem “parte” da Comunidade Planetária, sem exceções. Seja às mães que abortaram, aos homossexuais e aos envolvidos em vícios, sua palavra e sua atitude tem sido numa única direção: - Vinde a mim!

No plano político-institucional, pelas notícias e avaliações técnicas de especialistas a que tivemos contato, o “Santo Papa” também está implementando uma política de austeridade, transparência e regularização de erros, assim como, supõe-se virão, apurações dos ilícitos e julgamento e apenação exemplar dos envolvidos. Eis, aí, uma excelente “novidade”, porquanto as facções religiosas têm sido agraciadas por benesses e instrumentos protecionistas injustificáveis, por parte dos Estados laicos, numa confusão injustificável entre os “assuntos de fé e crença” e os “negócios mundanos”. Em muitas das nações desenvolvidas, os Estados (e seus gestores e fiscalizadores) deixam de realizar ações de averiguação, controle e exação sobre as instituições religiosas, resultando num preocupante estado de libertinagem que conduz a crimes de variada configuração, o mais grave deles o da exploração da fé e dos recursos financeiros pessoais dos chamados crentes.

Neste aspecto, o saneamento que pretende fazer Francisco vem em oportuna e undécima hora, ainda que, para sua execução, interesses vários estejam em contraponto e a sempre perigosa extensão dos poderes e honrarias humanos possa configurar resistência ou ameaça à boa intenção de regularização contida nos objetivos da gestão papal. Nossos votos de que ele (e os que o assessoram) possa alcançar o intento, melhorando a imagem da instituição estatal do Vaticano.

Para todos os que trabalham com as energias dos Espíritos, a passagem do papa pelo Brasil foi muito positiva. Mesmo aqueles que temiam por sua segurança e integridade – tendo em vista o cenário anterior em que as mobilizações contra os desmandos políticos dos governos de diferentes esferas de poder estiveram na pauta e que, ainda que minoritariamente, excessos em termos de atos de violência, vandalismo e criminalidade foram constatados – ficaram surpresos com a “intocabilidade” do pontífice. Figurativamente, uma aura envolveu o homem “de Deus” e o permitiu transitar livremente “por entre as pessoas”, convivendo com elas e recebendo aquela que é uma das maiores marcas da Sociedade brasileira: a hospitalidade.

Positiva porque permitiu a interlocução da mensagem católica com outras correntes de pensamento, direta ou indiretamente, a partir das mensagens contidas seja nas homilias, seja nas pregações, seja nos gestos e nos contextos de sua peregrinação. Positiva porque deixou uma clara mensagem aos homens e mulheres, religiosos ou não, de que é preciso abrir-se para o outro, dialogar construtivamente e buscar soluções a partir da conduta pessoal de cada um. Positiva porque sua simplicidade de ser e sau “humildade” no trajar e demais componentes que envolvem seu ministério são exemplos para aqueles que imaginavam a mantença do quadro de opulência e ostentação dos tradicionais representantes das igrejas em geral, com raras exceções, assim como para aqueles que, investidos em poderes temporais, no cenário sócio-político, adornam-se de elementos superficiais e desnecessários, bem como se valem da posição que ocupam para se locupletarem com outras vantagens, a preço exorbitante pago pelos cidadãos contribuintes. Positiva porque permite que, mesmo que não hajam mudanças significativas em relação à teoria e aos dogmas da religião da cristandade, já que estas atravessam séculos sem alterações e pertencem ao caráter constitutivo em si da crença católica, a práxis e a conduta em relação às chamadas “verdades religiosas” permite divisar uma igreja mais próxima do povo e, portanto, mais aberta à perspectiva da realidade “de dentro para fora”, isto é, do ser para o existir, do pensar para o agir, ao invés da prescrição de condutas perfeccionistas bem distantes da realidade (espiritual) de cada fiel ou, mais amplamente, de cada um dos “filhos de Deus”.

Esta configuração é, em essência, o melhor recado que podemos tirar da presença, entre nós, de Francisco de Roma: sua disposição em reinventar a Igreja a partir de novos comportamentos e atitudes. Aliás, é isto também que esperamos do movimento espírita: sua abertura para os “vários e muitos” espiritismos que por aí existem, distanciando-nos enfim das “prescrições de conduta espírita”, dos manuais de “pureza doutrinária”, das exceções e afastamentos, das indiferenças e dos silêncios em relação aos, digamos, “diferentes”. Ao deixarmos de lado a “autoridade” que possamos achar ter em relação ao conteúdo das obras espíritas, por meio de comportamentos de censura e de admoestação àqueles que, no nosso entender, estejam atuando “fora” do padrão que convencionamos adotar, em instituições maiores de gestão espírita, reinventamos o Movimento Espírita, para permitir a aproximação e o diálogo COM TODOS, investindo nas semelhanças e não nas mínimas diferenças (de entendimento sobre os princípios ou teorias espiritistas), dando passos audaciosos na direção do entendimento e das parcerias, tão importantes para uma Sociedade carente e em transição. Mais que isso, descemos o degrau de uma aparente “superioridade” derivada da teoria, da interpretação ou da prática, em que tradicionalmente podem se colocar alguns espíritas cuja intransigência não tem permitido os necessários avanços. Não há um ÚNICO modo de entender o Espiritismo. Não há uma MESMA forma de “trabalhar com os Espíritos”. Vale dizer: se não estamos abertos para aprender com os outros, dentro e fora das hostes espíritas, não estamos materializando as aspirações traçadas pelos Espíritos que laboraram com Kardec e que o levaram, conclusivamente, a pontuar:

O Espiritismo tem princípios que, em razão do fato de estarem fundados sobre as leis da Natureza, e não sobre abstrações metafísicas, tendem a se tornar, e serão certamente um dia, os da universalidade dos homens; todos os aceitarão, porque serão verdades palpáveis e demonstradas, como aceitaram a teoria do movimento da Terra; mas pretender que o Espiritismo será, por toda parte, organizado da mesma maneira; que os Espíritas do mundo inteiro se sujeitarão a um regime uniforme, a um mesmo modo de proceder; que deverão esperar a luz de um ponto fixo para o qual deverão fixar os seus olhares, seria uma utopia tão absurda quanto pretender que todos os povos da Terra não formarão um dia senão uma única nação, governada por um único chefe, regulada pelo mesmo código de leis, e sujeita aos mesmos usos. Se há leis gerais que podem ser comuns a todos os povos, essas leis serão sempre, nos detalhes da aplicação e da forma, apropriadas aos costumes, aos caracteres, aos climas de cada um” (Kardec, Allan. Constituição do Espiritismo, Revista Espírita, dezembro de 1868).

Vejo este Francisco de Roma importante, também, para o meio espírita. Assim como o foram, para a Humanidade e o Espiritismo, outros Franciscos, o de Assis e o de Uberaba, o Xavier. E que estejamos caminhando para a necessária UNIÃO ENTRE OS ESPÍRITAS, como o Codificador tanto desejou: “Todos aqueles que se dizem espíritas não pensam do mesmo modo sobre todos os pontos, a divisão existe de fato, e é bem mais prejudicial porque pode chegar que não se saiba se, num Espírita, se tem um aliado ou um antagonista. O que faz a força é o universo; ora, uma união franca não poderia existir entre pessoas interessadas, moral e materialmente, a não seguir o mesmo caminho, e que não perseguem o mesmo objetivo. Dez homens sinceramente unidos por um pensamento comum são mais fortes do que cem que não se entendem. Em semelhante caso, a mistura de objetivos divergentes tira a força de coesão entre aqueles que quereriam andar juntos, absolutamente como um líquido que, se infiltrando em um corpo, é um obstáculo para a agregação das moléculas” (Kardec, cit.)

Sem divisão e inclusivamente, portanto!

Marcelo Henrique